segunda-feira, novembro 14, 2005

Ditadura contra a periferia

A notícia divulgada no dia 9 de novembro parece ter passado em branco por todo o mundo. A ação tomada pelo "gabinete de crise" francês, que reeditou a lei do Estado de Emergência, não é nada diferenciado de uma ditadura política qualquer. A lei foi aplicada pela primeira vez na Argélia em 1955, com o objetivo de sufocar a luta pela libertação do país então colonizado pela França.

Além do toque de recolher, a lei dá amplos poderes para prefeitos e governadores utilizarem as forças armadas; dá o direito de invadir casas em que residam "suspeitos de subversão" e de impedir a circulação de pessoas em lugares determinados. Também prevê a possibilidade de controle direto pelo governo das informações veiculadas pelos meios de comunicação. As mais recentes declarações tratam de prováveis deportações em massa de envolvidos nas revoltas e do fim do direito de reuniões públicas e livres.

A revolta na França é apenas um reflexo do tratamento dispensado para a população periférica. A analogia com o período colonial é inevitável. Na Argélia, menos de um milhão de pessoas de origem européia gozavam de amplos direitos, negados sistematicamente aos dez milhões de argelinos muçulmanos. Esta situação culminou na luta contra o governo ditatorial francês que, por final, foi derrubado.

http://prod.brasil.indymedia.org/pt/blue/2005/11/337715.shtml