
Moradores do Complexo do Alemão são presos pelo Exército
Será que voltamos a viver um regime de excessões?
Milhões de brasileiros ainda são obrigados, em pleno século XXI, a vagarem de um lado á outro do país, como nômades em troco de emprego, ou melhor, a troco de um prato de comida.
Os ricos se fecham em seus luxuosos condomínios, que cercados, como castelos medievais, protegem os senhores feudais da pobreza do lado de fora dos muros. Criam centros de consumo e comércio que só eles próprios podem freqüentar, com aspectos que lembram os paises ditos de primeiro mundo. Enquanto aos pobres resta somente saquear as sobras de algum galpão do CEASA incendiado em troco de restos chamuscados de comida.Cria-se cada vez mais uma sociedade baseada na discriminação, não somente racial, mas sim social.
A classe média, consumista, crê na modernidade material, e que está irá salvar suas vidas da miséria que os cerca com novas técnicas de segurança. Mas não percebe que quanto menos perspectivas de vida tiverem os pobres mais a classe média estará ameaçada.
O impacto na modernidade material é desastroso, pois apenas uma minoria da população tem condições para comprar bens materiais. O restante da população vive em um constante clima de guerra civil disfarçada de combate ao crime. Já percebemos isso em grandes cidades, onde cada vez mais as campanhas antiviolência buscam ressaltar o valor da vida humana. Porém, essas campanhas só acontecem quando as vitimas da violência fazem parte da classe média. Algumas dezenas de jovens morrem por semana vítimas da violência nas grandes cidades e não entram nos noticiários por não serem filhos de gente influente, e nem fazem parte da classe média consumista. Ou seja, este processo de violência serve para limpar a sociedade dos “marginais” da sociedade, isto é o extermínio das pessoas que não fazem parte do mercado de consumo. Este é o holocausto brasileiro.
O holocausto brasileiro é esta guerra civil disfarçada. E a guerra civil já esta acontecendo. Podemos ver o exercito nas ruas de alguns grandes centros, e o exercito só pode ser acionado em casos de segurança nacional, de invasão externa ou em casos de guerra civil. O exercito esta matando nosso próprio povo porque as pessoas não conseguem perceber que o verdadeiro inimigo não é o pobre, favelado, marginalizado, mas sim o sistema que exclui, que explora e que legitima que só uns poucos tenham o direito a vida.